1. INTRODUÇÃO
A eletrônica de potência, com o passar do tempo, vem tornando mais fácil (e mais barato) o acionamento em velocidade variável de motores elétricos. Com isto, sistemas que antes usavam motores C, pela facilidade de controle, hoje podem usar motores CA de indução graças aos Inversores de Freqüência, também chamados de Conversores de Freqüência. Em paralelo ao avanço da eletrônica de potência, a microeletrônica, por meio de microprocessadores e microcontroladores, tem auxiliado muito o acionamento de máquinas CA, permitindo a implementação de funções complexas num tempo de processamento cada vez mais curto. Isto tem permitido a implementação de sofisticados algoritmos de controle que possibilitam o acionamemnto de alto desempenho com o emprego de motores de indução de série. A título de exemplo, podemos citar que motores de indução acionados por meio de Inversores de Freqüência podem substituir, com vantagens, os sistemas de controle de fluxo com válvulas (bombas) ou dampers (ventiladores).
2. FUNCIONAMENTO
Para entender o funcionamento de um Inversor de Freqüência, é necessário, antes de tudo, saber a função de cada bloco que o constitui. Ele é ligado na rede elétrica, que pode ser monofásica ou trifásica, e em sua saída há uma carga que necessita de uma freqüência diferente daquela da rede. Para tanto, o inversor tem como primeiro estágio, um circuito retificador, responsável por transformar a tensão alternada em contínua. Após isso, existe um segundo estágio capaz de realizar o inverso, ou seja, a transformação de uma tensão C para uma tensão CA (conversor), e com a freqüência desejada pela carga. Na rede de entrada a freqüência é fixa (60 Hz ou 50 Hz) e a tensão é transformada pelo retificador de entrada em contínua pulsada (retificação de onda completa). O Capacitor (filtro) transforma-a em tensão contínua pura de valor aproximado de
Esta tensão contínua é conectada ciclicamente aos terminais de saída pelos dispositivos semicondutores do inversor, transistores ou tiristores, que funcionam como chaves estáticas. O controle desses dispositivos semicondutores é feito pelo circuito de comando, de modo a obter um sistema de tensão pulsada, cujas freqüências fundamentais estão defasadas de 120°. A tensão é escolhida de modo que a relação tensão/freqüência seja constante, resultando em operação com fluxo constante e, por via de conseqüência, manutenção da máxima capacidade de sobrecarga momentânea do motor.
3. CONFIGURAÇÃO BÁSICA
Figura 3 - Configuração básica de um Inversor de Freqüência
• Circuito de entrada (ponte retificadora não controlada) • Circuito de pré-carga (resistor, contator ou relé)
• Circuito intermediário (banco de capacitores Buss DC, resistores de equalização)
• Circuito de Saída "inversor" (ponte trifásica de IGBT)
• Placa de controle (microprocessada)
• Placa de driver's (disparo dos IGBT, fontes de alimentação, etc.)
• Réguas de bornes de interligação (controle de potência)
• Módulo de frenagem (interno ou externo)
4. DIFERENÇAS E VANTAGENS DOS INVERSORES DE FREQUÊNCIA
O inversor de freqüência possibilita o controle do movimento do motor CA pela variação da freqüência elétrica. Entretanto, também realiza a variação da tensão de saída para que seja respeitada a característica V/F ( Tensão / Freqüência) do motor, não produzindo aquecimento excessivo quando o motor opera em baixas rotações. Em freqüências de operação acima da nominal, o acionamento se dá com perda de torque. O inversor promove a elevação na freqüência sem, entretanto, promover o aumento no valor da tensão aplicada. Isto faz com que haja uma redução no fluxo do motor, trazendo como conseqüência uma redução no conjugado disponível. Esta região de operação é conhecida como região de enfraquecimento de campo em função da redução do fluxo ou campo do motor (Figura 2) . Destinados inicialmente a aplicações mais simples, os inversores de freqüência são atualmente encontrados nos mais diversos usos, desde o acionamento de bombas até complexos sistemas de automação industrial. Grande parte das aplicações como bombas, ventiladores e máquinas simples, necessitam apenas de variação de velocidade e partidas suaves, sendo atendidas plenamente com o uso de inversores com tecnologia Escalar ou V/F. Algumas aplicações entretanto, como elevadores, guinchos, bobinadeiras e máquinas operatrizes necessitam além da variação de velocidade o controle de torque, operações em baixíssimas rotações e alta velocidade de resposta, sendo atendidas por inversores com tecnologia Vetorial.
5. TIPOS DE INVERSORES DE FREQUÊNCIA
• Inversor Escalar
Em linhas gerais, podemos dizer que os inversores escalares baseiam-se em equações de regime permanente. A lógica de controle utilizada é a manutenção da relação V/F constante. Apresentam um desempenho dinâmico limitado e usualmente são empregados em tarefas simples, como o controle da partida e da parada e a manutenção da velocidade em um valor constante (regulação).
• Inversor Vetorial
A lógica de controle empregada baseia-se em equações dinâmicas do motor,. Assim, embora a programação de controle seja mais complexa do que aquela correspondente ao controle escalar, o desempenho dinâmico é bem superior a este. A idéia central é promover o desacoplamento entre o controle do fluxo e o controle da velocidade por meio de transformações de variáveis. Com esta técnica de controle, os inversores podem ser empregados em tarefas complexas, que exijam grande precisão e dinâmicas rápidas do ponto de vista de controle. Os inversores Vetoriais podem ser divididos em duas categorias: aqueles que utilizam a realimentação física da velocidade, obtida de dispositivos transdutores, e aqueles que não empregam a realimentação física da velocidade, fazendo uso de estimadores de velocidade. A realimentação ou "Feedback", permite "enxergar" o movimento do eixo do motor possibilitando controlar a velocidade e o torque com alta precisão mesmo em velocidades muito pequenas, próximas de zero. A realimentação da velocidade é realizada utilizando um gerador de pulsos, conhecido com "Encoder". Alguns equipamentos permitem a utilização dos dois modos, sendo necessário uma placa opcional para a operação de malha fechada. A operação sem a realimentação da velocidade é também conhecida como "Sensorless". Nesse caso, o algoritmo de controle torna-se mais complexo pois o inversor deve calcular através de artifícios matemáticos a velocidade do motor. A operação sem realimentação possui performance inferior à operação com realimentação. Os Inversores Vetoriais necessitam da programação de todos os parâmetros do motor como, resistências elétricas, indutâncias, correntes nominais do rotor e estator, dados esses normalmente não encontrados com facilidade. Para facilitar o set-up, alguns inversores dispõem de sistemas de ajustes automáticos também conhecidos como "Auto-tunning", não sendo necessário a pesquisa de dados sobre o motor.
6. DIFERENÇAS ENTRE INVERSORES ESCALARES E VETORIAIS
A principal diferença entre os inversores Escalares e os Vetoriais deve-se a capacidade dos inversores vetoriais imporem o torque necessário ao motor, de forma precisa e rápida permitindo uma elevada velocidade de resposta dinâmica a variações bruscas de carga. Os Invesores Escalares apresentam uma resposta dinâmica bem mais lenta, demorando mais para reagir a qualquer alteração de velocidade ocorrida ou solicitada.
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